Entrevistámos a professora bibliotecária Lígia Freitas para saber a sua opinião sobre o livro e as diferenças da campanha na pandemia.
O que acha do livro “O Rapaz Milionário”?
Gosto muito deste livro, pois conta a história de um menino muito rico, chamado Joe, que apesar de possuir todos os bens materiais que uma criança possa desejar e imaginar, falta-lhe algo que o dinheiro não pode comprar, um amigo!
O que mais gosta nele?
Gosto muito da mensagem que transmite, o valor da amizade. Mostra, de uma forma cativante, que devemos apreciar e valorizar os amigos, pois o dinheiro não é tudo na vida e não compra a felicidade. Aborda ainda uma temática muito séria e importante: o bullying.
Tendo em conta a pergunta anterior qual a sua cena predileta?
Tenho várias, mas talvez a conversa entre Joe e o sr. Batata (pai do Joe) no dia do seu aniversário. Joe pede ao pai se pode ter uma prenda a sério, para além de dinheiro. O sr. Batata não dá importância aos queixumes do filho, diz disparates como “ … julgava que o bullying só acontecia a pessoas pobres …” e come caviar, apesar de achar repugnante, mas tem de imitar as pessoas chiques.
Mascote criada para a edição deste ano pela Assistente Operacional Margarida Morais
O que não gosta no livro?
Gosto de tudo. Não há uma única parte da narrativa que desgoste.
Qual a sua personagem preferida?
A minha personagem preferida é o Joe.
Se pudesse votar no livro porque é que o escolheria?
Escolheria este livro pois tem muito sentido de humor (começa logo com a ideia revolucionária para a limpeza de rabiosques e com o sucesso do lançamento do RabinhoFresco), um enredo invulgar que cativa logo o leitor e porque aborda as temáticas do bullying e da verdadeira amizade.
O que acha do que faziam ao Joe no colégio?
Claro que acho abusivo e injustificável. Infelizmente, nos dias de hoje, ainda há muitas crianças e jovens que sofrem com essas atitudes. São gozadas e ignoradas por aspetos fúteis, como o aspeto, a fisionomia, os jeitos, etc, e o pior de tudo é que contribuem para que se sintam desanimados e deprimidos, retirando-lhes a autoconfiança.
Qual é que acha que é a moral do livro?
Como já referi anteriormente, este livro transmite bons valores. A moral é que não há dinheiro no mundo que pague uma verdadeira amizade e que os pais em vez de darem aos filhos só bens materiais, devem estar presentes nas suas vidas.
Acha que temos aqui uma boa história?
Têm um ótimo livro para a campanha! É divertido, com ilustrações engraçadas e aborda sentimentos, temas complexos, que ao serem desenvolvidos em situações divertidas atraem os leitores.
Mascote da edição 2017/18 |
O que podemos aprender com livros infantojuvenis como este e muitos outros?
A literatura infantojuvenil é muito importante pois promove o desenvolvimento cognitivo, a imaginação, a linguagem, as emoções e os sentimentos. Desta forma, o contacto com os livros potencializa uma postura crítica e reflexiva na sociedade.
Acha que a pandemia tem algum impacto na campanha deste ano? Se sim, é positivo ou negativo?
Sim, a pandemia afeta a campanha, uma vez que, na nossa escola, muitas iniciativas desenvolviam-se presencialmente, como as idas às salas de aula, debates na biblioteca escolar interturmas, distribuição de material de propaganda (autocolantes, marcadores de livros, crachás personalizados, bandeirinhas, folhetos, etc), circulação livre nos espaços da escola, criando uma interação muito dinâmica entre alunos de várias turmas. Esta forma de campanha ficou logo comprometida, uma vez que para cumprirmos os procedimentos da Direção, não podemos circular entre salas e em todos os espaços da escola, nem realizar debates interturmas.
As diferenças entre as campanhas dos anos anteriores e a deste ano são bem visíveis. Quais são os desafios numa campanha online?
Numa campanha online, há mais desafios, pois os alunos estão mais limitados e têm de criar novas formas de propaganda e canalizá-las sobretudo para as redes sociais da Biblioteca Escolar. Tornarem-se repórteres e relatarem com exatidão as iniciativas, podendo escrever notícias sobre as mesmas.
O que nota nos alunos que participam nesta iniciativa?
Verifico que se envolvem muito na promoção dos livros e da leitura, desenvolvem a criatividade, o poder de argumentação e valorizam muito as iniciativas que dinamizam. Envolvem outros alunos, contagiando a comunidade escolar. Ficam a conhecer os procedimentos e as normas de uma eleição real, valorizando a responsabilidade do ato de votar, evidenciando o exercício de cidadania.
Costumam participar muitos alunos?
Sim, na nossa escola, já foram realizadas imensas iniciativas que envolveram muitas turmas e alunos. Na primeira edição dos “Miúdos a Votos”, na Cerimónia Final, que teve lugar na Escola Secundária Vergílio Ferreira, tivemos o privilégio de entrevistar em direto, da Rádio Miúdos, o Exmo Secretário de Estado da Educação, João Costa e o Presidente do Grupo Impresa, Francisco Balsemão. Também já apresentamos as dramatizações “Avozinha Gângster” na Gulbenkian e “O Rapaz Milionário”, na Feira do Livro de Lisboa. No dia da votação nacional, todas as turmas da escola passam pela biblioteca escolar para exercerem o seu direito de voto. Tem sido uma participação fantástica!
O que mais gosta na iniciativa?
Ver o envolvimento e o entusiasmo dos alunos logo na candidatura dos livros preferidos, a ansiedade em conhecer a lista nacional dos livros mais votados e depois a realização de todo o trabalho criativo e a azáfama na criação dos materiais de propaganda. É com enorme satisfação que verificamos que esta iniciativa promove nos alunos o desenvolvimento de competências a nível da leitura e de competências de cidadania ativa.
Na primeira edição, registaram-se 772 votos, sendo 444 do 2º ciclo e 328 do 3º ciclo.
A partir daí, as participações têm vindo a crescer, com 801 votos em 2018 (2º ciclo - 468 / 3º ciclo - 333) e 805 votos em 2019 (2º ciclo - 445 / 3º ciclo - 360).
Só no ano de 2020, com votação online, os votos foram diferentes do que se fosse na escola, com apenas 108 votos (2º ciclo - 56 / 3º ciclo - 52)
Qual é o impacto dos “Miúdos a Votos” na vida da biblioteca escolar?
Esta iniciativa causa um enorme impacto na vida da biblioteca escolar, que começa logo na sua divulgação. Depois, é a aquisição dos livros que os alunos pretendem defender na fase da campanha eleitoral, que gera um aumento no empréstimo domiciliário. A biblioteca escolar assume um papel dinâmico, no apoio aos alunos na criação dos materiais, disponibilizando todas as fotocópias a cores, transformando-se num espaço de realização de trabalhos de grupo e de ensaios. Como professora bibliotecária apoio a criação de textos promocionais, a gravação de podcasts e a elaboração de pequenas dramatizações. A biblioteca escolar gere também o escalonamento das idas dos alunos às salas de aula e calendariza as sessões de esclarecimento e de debates. Operacionaliza o processo de votação nacional, efetuando o escalonamento das turmas para exercerem o seu direito de voto, selecionando os alunos para a mesa de voto e a sua substituição, uma vez que a votação decorre desde as 8.00h às 18.00h. A biblioteca escolar é uma grande entusiasta nesta fantástica iniciativa!
Repórter: Raquel Soares
Agradecemos a disponibilidade da professora Lígia Freitas.
Foi um prazer ser entrevistada por vós! Eu é que agradeço a vossa consideração!
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